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Eletrobras Vende Portfólio Termelétrico por R$ 4,7 Bilhões, Focando na Descarbonização e Mitigação de Riscos

A Eletrobras (ELET3; ELET6) anunciou recentemente a conclusão da venda de seu portfólio termelétrico para a Âmbar por R$ 4,7 bilhões. Essa venda inclui R$ 3,5 bilhões em dinheiro e R$ 1,2 bilhão em earn-outs, uma estrutura em que os vendedores ganham parte do preço de compra com base no desempenho futuro do negócio. A transação é vista como um movimento estratégico para a Eletrobras, focado na descarbonização e mitigação de riscos financeiros.

Detalhes do acordo

A venda não inclui a transferência de dívidas ou caixa associadas às termelétricas para a Âmbar. Além disso, os contratos com a Amazonas Energia, que tem um histórico de inadimplência de R$ 430 milhões por trimestre, serão transferidos para a Âmbar. A Eletrobras firmou acordos adicionais, garantindo opções de compra e direitos a indenizações de seguros relacionados ao complexo eólico Baleia.

Avaliação dos analistas

O JPMorgan avaliou a venda como neutra em termos de valor, mas altamente positiva em termos de mitigação de riscos. A transferência dos contratos com a Amazonas Energia elimina uma potencial perda anual de R$ 1,7 bilhão, o que representa cerca de 2% do valor de mercado da Eletrobras. O Itaú BBA também considerou o negócio positivo, reiterando uma classificação de desempenho acima da média do mercado e um preço-alvo de R$ 59,60 para a ação ordinária da companhia.

Captação e desinvestimentos futuros

Recentemente, a Eletrobras captou R$ 10,9 bilhões para aumentar sua liquidez de curto prazo, posicionando-se para capitalizar oportunidades emergentes. Este movimento pode indicar progresso em relação à disputa de direitos de voto com o governo federal, que pode necessitar de mais de R$ 20 bilhões em pagamentos anteriores da CDE. O desinvestimento de participações minoritárias em outras empresas poderia gerar R$ 5 bilhões adicionais, proporcionando os recursos necessários para liquidações futuras.

Impacto no portfólio da Eletrobras

Com esta transação, o portfólio de geração de energia da Eletrobras será composto 100% por fontes renováveis, exceto por sua participação minoritária nas usinas nucleares de Angra, que ainda apresenta desafios devido ao projeto Angra III. A venda alinha a Eletrobras com sua estratégia de descarbonização, fortalecendo seu compromisso com a geração de energia limpa.

Classificação e projeções

O Bradesco BBI também vê a transação de forma positiva, estimando que as unidades de geração térmica valem entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões. A alavancagem da Eletrobras deve permanecer estável, e a entrada de caixa de R$ 4,7 bilhões reforça a posição financeira da empresa. O BBI mantém uma classificação de compra para ELET6, com um preço-alvo de R$ 59.

Conclusão

A venda do portfólio termelétrico para a Âmbar representa um passo significativo para a Eletrobras em sua estratégia de descarbonização e mitigação de riscos financeiros. Com a eliminação de dívidas e inadimplências, além do foco em fontes de energia renováveis, a empresa está bem posicionada para um futuro mais sustentável e financeiramente robusto.

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