O governo enfrenta um momento de crise em sua governabilidade. Com derrotas consecutivas em votações importantes, o índice de apoio ao presidente na Câmara atingiu seu pior nível em 13 meses, com apenas 46% de alinhamento. Na prática, isso significa que deputados e senadores estão rejeitando diversas pautas do governo, como evidenciado pela recente derrubada de vetos presidenciais, incluindo o das “saidinhas”.
A maioria dos parlamentares eleitos em 2022 são de perfil conservador, e muitos centristas não estão apoiando as propostas da administração de Lula. Esse cenário torna essencial a construção de alianças políticas para a aprovação de projetos importantes e, em casos extremos, evitar um possível processo de impeachment — que requer 2/3 dos votos na Câmara e maioria simples no Senado.
Curiosamente, nem mesmo o PT é o partido mais alinhado ao presidente. O Partido Comunista detém esse título, com 94% de aderência às pautas governamentais na Câmara. O PT, surpreendentemente, está em terceiro lugar nesse ranking. Na oposição, os partidos Novo, PL e União Brasil são os mais críticos e frequentemente votam contra os interesses do Planalto.
O cenário se complica ainda mais com partidos que têm ministros no governo, como PSD e MDB, frequentemente contrariando as orientações de Lula. Essa falta de apoio persiste apesar da distribuição de cargos na Esplanada dos Ministérios e da liberação de quase R$ 20 bilhões em emendas parlamentares este ano, representando quase 40% do total disponível.
O Governo precisa reavaliar suas estratégias políticas. A simples distribuição de verbas e cargos não tem sido suficiente para conquistar o apoio necessário do centro político. Um reposicionamento estratégico e novas alianças serão cruciais para melhorar a governabilidade e avançar com a agenda governamental.
Comentários
Postar um comentário